foto:reprodução
Em 2008, num dos fatídicos dias do sequestro da estudante Eloá, José Luiz Datena veio a público, por meio de seu programa, condenar Sonia Abrão, que, para surpresa geral, entrevistou Lindenberg Farias direto do cativeiro. Para ele, a colega estava erradíssima: “Repórteres e apresentadores se meteram a negociadores da polícia e não negociadores coisa alguma. Não têm o direito de se intrometer numa negociação policial. Sempre tive essa moça na mais alta conta, mas ele diz que ando criticando colegas. Quem eu critico, merece ser criticado. E critico quem faz besteira. (…) Depois de uma entrevista ele não quis se entregar mais. Isso é uma insanidade”, afirmou, na época.
A vida, no entanto, age de maneira misteriosa e por vezes irônica. Na tarde desta quarta-feira (28), Datena se viu fazendo exatamente o mesmo que Sônia Abrão: negociando com um bandido. Por cerca de 20 minutos, o âncora do “Brasil Urgente” conversou ao vivo por telefone com um homem que mantinha a mãe e a mulher como reféns, sob mira de uma faca. Segundo o próprio apresentador, tudo foi feito a pedido da polícia, por pedido do sequestrador, chamado Joel, declarou ser fã do jornalista. “Percebi que era um cara de bem”, disse, no ar. “Posso colocar minha carreira em risco por causa disso”.
Transcorrida a conversa, a negociação foi encerrada com a garantia de Datena de que acompanharia o caso pessoalmente. Da mesma maneira, o apresentador disse que gostaria de dar um abraço em Joel depois que tudo acabasse. Logo em seguida, deixou o estúdio, afirmando estar “esgotado”, e foi substituído por Márcio Campos.
Neste caso específico, o final do caso foi bem-sucedido, ao contrário do passado em 2008. Há que se questionar, no entanto, se o papel da mídia é negociar com bandidos. Afinal, um caso como este pode abrir precedentes e, perigosamente, transformar sequestradores em atração de programas policiais. Não se pode negar, ao conversar com o homem em desespero no ar, Datena se colocou na linha de tiro das críticas. Não vai faltar quem o acuse de fazê-lo por audiência. Querendo ou não tudo transcorreu ao vivo, aos olhos dos espectadores. Pouco depois, o caso foi reprisado no próprio programa – havia necessidade?. Que este não seja o começo de um novo e condenável hábito na TV brasileira.
matéria reproduzida na íntegra :http://colunistas.ig.com.br/natv/2012/11/28/datena-negocia-com-bandido-ao-vivo-e-desperta-questionamento-sobre-o-papel-da-midia-policial/
matéria reproduzida na íntegra :http://colunistas.ig.com.br/natv/2012/11/28/datena-negocia-com-bandido-ao-vivo-e-desperta-questionamento-sobre-o-papel-da-midia-policial/
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