Quem mora em Campo Grande e Triunfo Potiguar, ou já morou,
dependendo da idade deve se lembrar de como era Triunfo antes do divórcio,
separação ou da emancipação política para ser mais convincente. Triunfo nada
mais era do que um distrito abandonado pelos nossos governantes municipais, e
que só era lembrado para a escolha de vice-prefeitos. O centro da cidade de
Triunfo possuía uma Igreja, um pequeno quadrado de calçamento, uma praça
sem nenhuma árvore e em tempo de inverno um verdadeiro mar de lama e muita
coisa a se fazer, traduzindo, uma cadeira que se colocasse ao relento era vista,
tamanha a falta de estrutura e atraso.
Passados alguns anos dessa separação proveitosa, hoje
Triunfo Potiguar já com novo nome mudou para melhor. Da condição de Distrito,
passou a cidade, suas ruas esburacadas hoje quase não existem, de forma
premeditada ou não, o certo é que Triunfo Potiguar fez jus ao nome e progrediu
a sua maneira e de acordo com suas condições, enquanto Campo Grande na minha
comparação ainda precisa de novos projetos, embora tenha alçado novas
conquistas.
Por que falo isso?
Das cidades da região do médio-oeste Campo Grande é a mais
importante, pelo menos ainda acho, mas no decorrer de décadas, existe um vírus
político que vem sendo espalhado por nossas autoridades que daria para ser nome
de um filme de comédia, suspense ou até na visão de outros como uma trama
melodramática inspirada nas telas do poder, do tipo a se chamar de
"Obsessão fatal ou De cara com o inimigo".
Uma relação desenvolvida pelos últimos gestores do município
que agindo sob o impulso de uma paixão verde, que nada tem a ver com onda ecológica,
em minha opinião prejudicaram consideravelmente o município. Poderia dizer que
isso foi intencional? Acho e quero acreditar que não. Diria que o excesso de
paixão e euforia levadas pelos resultados eleitorais os levou a acreditar que
tudo é eterno. A paixão demonstrada em cima de palanques, podemos hoje ver que
não foi entendida e muito menos houve reciprocidade. Se o verde significa a cor
da esperança e de uma nação, nos últimos tempos ele se transformou na cor da
decepção para alguns, ganho de poucos e estágio para outros interessados.
Essa paixão verde nada mais é do que um amor incondicional a
uma sigla partidária que ainda faz abaixo do desejado por Campo Grande que
mesmo tendo crescido nos últimos anos, continua num nível menor nessa
comparação.
É conveniente salientar que ao mencionar essas comparações
não estou a culpar determinado gestor por tudo o que vem acontecendo, isso é
uma ação que vem sendo feita de forma errada ao longo dos últimos anos e não
apenas nesse momento, em que pese dizer a verdade, estamos indo bem
administrativamente, acertando ou algo semelhante.
Creio que o grande mal para isso seja a falta de coragem e a
submissão da maioria dos nossos representantes e políticos em dizer um não a
esse modelo de política, quando poderia em pé de igualdade migrar para outras
siglas em busca de recursos e assistência mais convincente. Ao contrário de
Campo Grande, o município de Triunfo Potiguar desenvolveu um padrão de
negociação onde não importa a sigla, mas o que o político traz para o
município. Como exemplo, cito apenas alguns pontos para avaliação, vejamos:
Quadra de futebol coberta, construção de casas habitacionais para a sede e
algumas áreas rurais, campo de futebol concluído, creche-modelo no valor
de quase R$ 1.300.000.00 prestes a ser concluída, e até mesmo diante das
dificuldades de aceso, a construção de casas e quadra na Serra de João do Vale.
E em nosso Campo Grande, o que está acontecendo? Somos o maior município do
médio-oeste, apesar da divisão ainda estamos entre os maiores do Estado, somos
um dos municípios mais antigos e tradicionais, berço de supostos e grandes
nomes de destaque no cenário estadual e nacional. Somos por assim dizer, uma
cidade importante sem status, e como diz a música caminhando contra o vento sem
lenço e sem documento. Não pedimos grande coisa, pois sabemos das condições
financeiras da nossa cidade, apenas que os nossos líderes nos tratem a altura,
temos uma história e não estória. Não queremos o “Grande" apenas no nome
da cidade, mas e principalmente no seu povo. E se for para criar um lema quem
sabe poderíamos gritar " Campo Grande acima de tudo e de todos".
As razões são muitas, mas vou me situar somente em algumas
interrogações, que podem ser perfeitamente refutadas:
Será que estão faltando capacidade a Campo Grande para
adquirir esses mesmos recursos de Triunfo Potiguar?
Os políticos aliados de Campo Grande não trabalham pelo
município como deveriam?
A paixão política é mais forte do que os interesses da
população?
Pode ser que diante do texto, alguém logo diga a minha
pessoa e pergunte: “Por que você não vai morar em Triunfo?” Com isso, não estou
querendo protagonizar uma disputa de capacidade de ambos os lados, mas somente
evidenciar que se o município de Triunfo Potiguar consegue com menos de 4.000
eleitores, por que a nossa cidade não consegue com mais de 8.000 eleitores?
Claro que alguém queira contestar que Triunfo Potiguar é
pequeno, pode-se dizer isso, mas a verdade é que o ex-Distrito e atual
município vem mostrando a cada ano que se encontra a frente, e dizer que isso
tudo é apenas sorte ou coincidência é querer inverter os papéis de bom
entendimento.
Talvez depois desse texto alguém queira mencionar que estou
fazendo propaganda para candidato de Triunfo ou mesmo de Campo Grande em
prejuízo de outros, mas não se trata disso. Estou nas duas cidades todos os
dias, conheço a rotina de ambas e posso com muita seriedade e propriedade
discutir sobre o que escrevo.
Talvez esteja na hora dos políticos de Campo Grande mostrar
maior paixão a nossa comunidade, ao invés de ficar adorando sigla partidária.
Lembrem-se das paixões de antigamente de outros políticos e veja qual o final
deles?
Não podemos ficar restritos a nação A ou B, a cor X ou Y, a
sobrenome bonito ou feio.
Paixão e amor em quaisquer circunstâncias são conceitos
diferentes.