segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Como falar do passado sem ser saudosista




De vez em quando me pego pensando no passado e logo quase sempre alguém ao meu lado me chama de saudosista e de viver do mesmo. A questão em nada se constitui uma forma de saudosismo, mas lembrar que mesmo naquela situação difícil sempre tínhamos momentos felizes sem precisar de muito dinheiro.

As pessoas tinham uma maior consciência do que podia a família ainda era uma base sólida firmada na pessoa dos nossos pais, os professores e a escola uma extensão de nossas famílias, aquele momento comparado com a atualidade era mais árduo, mas o conceito de felicidade se conseguia com bem menos, geralmente com uma bola, carro, cavalos de talos ou paus ainda com espinhos e tantos outros quando se tratava de um menino, ou de bonecas ainda de pano, quando se tratava de meninas. E quem nunca na sua ingenuidade de criança pediu de repente a Deus para ficar doente e assim ver nossos pais correrem para comprar um remédio nada convencional geralmente guaraná com bolacha cream cracker.

O tempo passou e como nome de filme o vento levou a ingenuidade e conceito de uma geração que hoje quase sempre é chamada de ultrapassada. A sociedade X ou Y de hoje e que se acha moderna é a mesma que condecora e idolatram pessoas por nomes, sobrenomes, programas, incita a violência, mata por um tênis e é agraciada com a generosidade da justiça, mas esquece de enaltecer as pessoas por suas virtudes e exemplos. É essa mesma sociedade moderna que se coloca diante de programas de BBBs, Fazendas e dão preferências em suas vidas a programas medíocres, sem conteúdos e não encontram tempo para frequentar a uma Igreja ou religião que os ajudem a torná-los pessoas melhores. Não falo nem em benção, pois é caduco demais.

O conceito de família mudou e sua dimensão também. Os próprios pais esquecem suas responsabilidades e colocam sobre as autoridades e órgãos aquilo que é de sua competência caracterizando o caos em que vivemos.

Não tínhamos um mundo perfeito, mas vivíamos num mundo bem melhor. Lembro-me das muitas carreiras atrás de tampas de garrafas, carteiras vazias de cigarros e bolas de meias, não éramos nenhum craque, mas tínhamos talento para driblar a situação, não éramos ricos, mas nos achávamos reis em nossas casas simples, talvez não tivéssemos nada, mas era suficiente o que possuíamos.

Como programa antigo de TV os anos dourados se foram, a boa música desapareceu, as ilusões deram lugar ao ficar, os grandes craques foram esquecidos, a ingenuidade foi brutalmente asfixiada pela modernidade que mais conceitua a mediocridade e o ser humano se especializou e deixou florescer dentro de si o seu lado mais doentio.

Hoje apesar de tantos os avanços, facilidades e progresso de vida, o mundo anda carente de coisas simples. Hoje posso dizer com certeza que era feliz e não sabia.

                                                                                                    

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