De vez em quando me pego pensando no
passado e logo quase sempre alguém ao meu lado me chama de saudosista e de viver
do mesmo. A questão em nada se constitui uma forma de saudosismo, mas lembrar que
mesmo naquela situação difícil sempre tínhamos momentos felizes sem precisar de
muito dinheiro.
As pessoas tinham uma maior consciência
do que podia a família ainda era uma base sólida firmada na pessoa dos nossos
pais, os professores e a escola uma extensão de nossas famílias, aquele momento
comparado com a atualidade era mais árduo, mas o conceito de felicidade se
conseguia com bem menos, geralmente com uma bola, carro, cavalos de talos ou paus
ainda com espinhos e tantos outros quando se tratava de um menino, ou de
bonecas ainda de pano, quando se tratava de meninas. E quem nunca na sua
ingenuidade de criança pediu de repente a Deus para ficar doente e assim ver
nossos pais correrem para comprar um remédio nada convencional geralmente
guaraná com bolacha cream cracker.
O tempo passou e como nome de filme o
vento levou a ingenuidade e conceito de uma geração que hoje quase sempre é
chamada de ultrapassada. A sociedade X ou Y de hoje e que se acha moderna é a
mesma que condecora e idolatram pessoas por nomes, sobrenomes, programas, incita
a violência, mata por um tênis e é agraciada com a generosidade da justiça, mas
esquece de enaltecer as pessoas por suas virtudes e exemplos. É essa mesma
sociedade moderna que se coloca diante de programas de BBBs, Fazendas e dão
preferências em suas vidas a programas medíocres, sem conteúdos e não encontram
tempo para frequentar a uma Igreja ou religião que os ajudem a torná-los
pessoas melhores. Não falo nem em benção, pois é caduco demais.
O conceito de família mudou e sua
dimensão também. Os próprios pais esquecem suas responsabilidades e colocam sobre
as autoridades e órgãos aquilo que é de sua competência caracterizando o caos
em que vivemos.
Não tínhamos um mundo perfeito, mas
vivíamos num mundo bem melhor. Lembro-me das muitas carreiras atrás de tampas
de garrafas, carteiras vazias de cigarros e bolas de meias, não éramos nenhum
craque, mas tínhamos talento para driblar a situação, não éramos ricos, mas nos
achávamos reis em nossas casas simples, talvez não tivéssemos nada, mas era
suficiente o que possuíamos.
Como programa antigo de TV os anos dourados
se foram, a boa música desapareceu, as ilusões deram lugar ao ficar, os grandes
craques foram esquecidos, a ingenuidade foi brutalmente asfixiada pela
modernidade que mais conceitua a mediocridade e o ser humano se especializou e
deixou florescer dentro de si o seu lado mais doentio.
Hoje apesar de tantos os avanços,
facilidades e progresso de vida, o mundo anda carente de coisas simples. Hoje
posso dizer com certeza que era feliz e não sabia.
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