segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Política - Os Jecas Tatus, Manés, Migués e Dulcivan da Vida.



Na rotina do dia-a-dia vemos de tudo um pouco. Pessoas simples com frases inteligentes, pessoas que se dizem estudadas com atitudes e conceitos ultrapassados, verdadeiros filósofos e profetas comuns que na observância do cotidiano inventam ditados próprios, conceitos, teorias e adaptam outras, mas de um modo geral a observância e entendimento ainda caminha lado a lado com uma ignorância nada filosofal, que por sua vez não escreveu no seu rótulo o prazo de validade.

A sabedoria de Sócrates, Aristóteles, Platão e tantos outros nesse contexto, nada mais seriam do que um mundo das ideias do "Salvem-se quem puder”. A filosofia aqui não significa amigos da sabedoria, isso é ultrapassado, o mundo é globalizado, a mente é pequena, simplifiquemos então, para amigos do poder, podendo a critério de cada um trocar nesse termo PODER o E pelo R caso queiram.

Nesse período eleitoral particularmente, as pessoas se tornam mais tendenciosas a transformar uma realidade dura e preocupante em um mundo de fantasia, ficção, perfeição e obsessão, não sabendo em determinado momento distinguir o certo do errado, a fantasia da realidade e menos ainda, se existe alguma diferença entre o que é racional e irracional. 

A coletividade não é uma ferramenta a se discutir ou menos ainda, para se entrar em pauta, a respeitabilidade aprendida dentro de casa, da família ou na escola não faz diferença, pode ser esquecida e até o verdadeiro Deus fica em plano secundário, como se a população dissesse "Quando a política terminar eu volto a frequentar a minha Igreja". Isto é, se meu candidato ganhar.

O eleitor para se sentir nas alturas e importante só precisa ser convidado pelo candidato a subir num palanque, agarrados pelos braços e ter seu nome gritado “E agora vai falar, ele, ele, ele fulano de tal" e logo o seu ego sobe numa velocidade maior do que a da luz. É o lugar e momento perfeito para mostrar a todos sob os holofotes que ali está mais um, não para expressar sua opinião com isenção, mas para alegrar ainda mais a plateia com a perfeição dos candidatos, que de tantos adjetivos generosos, creio que chegam a confundir se estão sendo candidato a PREFEITO ou a homem PERFEITO? A diferença é mínima e pouco importa para muitos que são convidados a falar ou fazem parte da coligação. Na verdade mais balbuciam, mas tudo bem, se a população não encontra nele um grande orador ou grandes propostas e jeito até para pegar no microfone, logo se dá um jeito e torna-se um comediante improvisado, rir também é necessário. Todos são iguais, pelo menos naquele momento. Faz parte do script. Não se pode pedir para descer do palanque sob os olhares, pois isso poderia ser usado pelos adversários.

Se o cidadão em sua maioria, não sabe a diferença de conceitos, valores e qual a sua importância dentro de um processo eleitoral, para os candidatos essa regra possuem diferenças mínimas. Nesta linha do tempo e de evolução deficiente, temos uma hierarquia alimentada entusiasticamente pelas massas que se acostumaram a ser a força matriz deste sustentáculo onde todos participam, mas poucos tiram proveitos. A moeda do voto e do favorecimento particular tem um novo nome, um novo significado, mas a mesma conversão sem atualização.

Se por um lado, os nossos eleitores são fascinados por nomes geralmente no poder ou com perspectivas de retorno e que possam lhe oferecer cadernetas de poupanças ou títulos de capitalização rentáveis com prazos de 48 ou 96 meses e endeusam esses candidatos, os nossos políticos seguem adiante e se tornam fascinados e obcecados por uma sigla, sobrenome de família política tradicional, mas pensam pouco nos Antonios, Marias, Raimundos, Josés, Francisco e Jecas Tatus dessa vez nada espertos da vida que parecem não querer acordar, acreditar e ver que o sol nasce para todos e que embora o voto tenha o mesmo valor e sejam iguais, os políticos são diferentes.

A sua arma de mudança silenciosa (voto), está sendo usado letalmente em sua eutanásia delirante tudo isso sob a legalização de uma suposta democracia onde todos têm direitos, deveres e obrigação e são iguais perante a Lei. Restando saber se essa lei foi feita para proteger ou punir ao cidadão. 

Na falta de postura, de não pensar na coletividade, de encarar a política como uma brincadeira de ataques aos adversários incentivados pelo "Muito bem", “É isso mesmo” ou “É verdade” e de não exigir propostas e responsabilidades, é que estamos quase sempre nesse filme readaptado, sob nova direção e lançado de quatro em quatro anos com os mesmos ou novos atores e atrizes nos papeis principais, e o eleitor no papel secundário, que me perdoem, de Manés, Migués e Dulcivan da vida acompanhado de um sobrenome nada desejável de otário, com grandes bilheterias movidas e trocadas por votos esperando apenas as cenas dos próximos capítulos, ou uma nova reedição intitulada” Comédia da Vida Privada ou onde o público é privado".

Questionamentos e entendimentos a parte, fica a certeza de que nessa relação de amor e ódio e espertos e ingênuos precisamos igualar o peso da medida, sob assim não agindo permanecermos eternamente nesta relação de desigualdade.

Mesmo que se diga que ainda somos um país que está engatinhando no processo democrático e que saímos a pouco tempo de um regime militar, não podemos fazer desse pressuposto uma condição permanente para viver dentro de um estágio probatório a céu aberto e preso em nossas próprias grades e acorrentados por nossa ignorância coletiva.

Diante de tudo isso, quem é mais corrupto: O eleitor ou o político?


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