Na rotina
do dia-a-dia vemos de tudo um pouco. Pessoas simples com frases inteligentes,
pessoas que se dizem estudadas com atitudes e conceitos ultrapassados,
verdadeiros filósofos e profetas comuns que na observância do cotidiano
inventam ditados próprios, conceitos, teorias e adaptam outras, mas de um modo
geral a observância e entendimento ainda caminha lado a lado com uma ignorância
nada filosofal, que por sua vez não escreveu no seu rótulo o prazo de
validade.
A
sabedoria de Sócrates, Aristóteles, Platão e tantos outros nesse
contexto, nada mais seriam do que um mundo das ideias do "Salvem-se quem
puder”. A filosofia aqui não significa amigos da sabedoria, isso é
ultrapassado, o mundo é globalizado, a mente é pequena, simplifiquemos então,
para amigos do poder, podendo a critério de cada um trocar nesse termo PODER o
E pelo R caso queiram.
Nesse
período eleitoral particularmente, as pessoas se tornam mais tendenciosas a
transformar uma realidade dura e preocupante em um mundo de fantasia, ficção,
perfeição e obsessão, não sabendo em determinado momento distinguir o certo do
errado, a fantasia da realidade e menos ainda, se existe alguma diferença entre
o que é racional e irracional.
A
coletividade não é uma ferramenta a se discutir ou menos ainda, para se entrar
em pauta, a respeitabilidade aprendida dentro de casa, da família ou na escola
não faz diferença, pode ser esquecida e até o verdadeiro Deus fica em plano
secundário, como se a população dissesse "Quando a política terminar eu
volto a frequentar a minha Igreja". Isto é, se meu candidato ganhar.
O eleitor
para se sentir nas alturas e importante só precisa ser convidado pelo candidato
a subir num palanque, agarrados pelos braços e ter seu nome gritado “E agora
vai falar, ele, ele, ele fulano de tal" e logo o seu ego sobe numa
velocidade maior do que a da luz. É o lugar e momento perfeito para mostrar a
todos sob os holofotes que ali está mais um, não para expressar sua opinião com
isenção, mas para alegrar ainda mais a plateia com a perfeição dos candidatos,
que de tantos adjetivos generosos, creio que chegam a confundir se estão sendo
candidato a PREFEITO ou a homem PERFEITO? A diferença é mínima e pouco importa
para muitos que são convidados a falar ou fazem parte da coligação. Na verdade
mais balbuciam, mas tudo bem, se a população não encontra nele um grande orador
ou grandes propostas e jeito até para pegar no microfone, logo se dá um jeito e
torna-se um comediante improvisado, rir também é necessário. Todos são iguais,
pelo menos naquele momento. Faz parte do script. Não se pode pedir para descer
do palanque sob os olhares, pois isso poderia ser usado pelos adversários.
Se o
cidadão em sua maioria, não sabe a diferença de conceitos, valores e qual a sua
importância dentro de um processo eleitoral, para os candidatos essa regra
possuem diferenças mínimas. Nesta linha do tempo e de evolução deficiente,
temos uma hierarquia alimentada entusiasticamente pelas massas que se
acostumaram a ser a força matriz deste sustentáculo onde todos participam, mas
poucos tiram proveitos. A moeda do voto e do favorecimento particular tem um
novo nome, um novo significado, mas a mesma conversão sem atualização.
Se por um
lado, os nossos eleitores são fascinados por nomes geralmente no poder ou com
perspectivas de retorno e que possam lhe oferecer cadernetas de poupanças ou
títulos de capitalização rentáveis com prazos de 48 ou 96 meses e endeusam
esses candidatos, os nossos políticos seguem adiante e se tornam fascinados e obcecados por
uma sigla, sobrenome de família política tradicional, mas pensam pouco nos
Antonios, Marias, Raimundos, Josés, Francisco e Jecas Tatus dessa vez nada espertos da vida que parecem
não querer acordar, acreditar e ver que o sol nasce para todos e que embora o
voto tenha o mesmo valor e sejam iguais, os políticos são diferentes.
A sua
arma de mudança silenciosa (voto), está sendo usado letalmente em sua eutanásia
delirante tudo isso sob a legalização de uma suposta democracia onde todos têm
direitos, deveres e obrigação e são iguais perante a Lei. Restando saber se
essa lei foi feita para proteger ou punir ao cidadão.
Na falta
de postura, de não pensar na coletividade, de encarar a política como uma
brincadeira de ataques aos adversários incentivados pelo "Muito bem",
“É isso mesmo” ou “É verdade” e de não exigir propostas e responsabilidades, é
que estamos quase sempre nesse filme readaptado, sob nova direção e lançado de
quatro em quatro anos com os mesmos ou novos atores e atrizes nos papeis
principais, e o eleitor no papel secundário, que me perdoem, de Manés, Migués e
Dulcivan da vida acompanhado de um sobrenome nada desejável de otário, com
grandes bilheterias movidas e trocadas por votos esperando apenas as cenas dos
próximos capítulos, ou uma nova reedição intitulada” Comédia da Vida Privada ou
onde o público é privado".
Questionamentos
e entendimentos a parte, fica a certeza de que nessa relação de amor e ódio e
espertos e ingênuos precisamos igualar o peso da medida, sob assim não agindo
permanecermos eternamente nesta relação de desigualdade.
Mesmo que
se diga que ainda somos um país que está engatinhando no processo democrático e
que saímos a pouco tempo de um regime militar, não podemos fazer desse
pressuposto uma condição permanente para viver dentro de um estágio probatório
a céu aberto e preso em nossas próprias grades e acorrentados por nossa ignorância
coletiva.
Diante de
tudo isso, quem é mais corrupto: O eleitor ou o político?
Nenhum comentário:
Postar um comentário